A produção de cacau tem ganhado destaque no estado de São Paulo, de forma mais expressiva na região noroeste, com área plantada de aproximadamente 300 hectares. A cultura, adaptável ao clima quente e seco, tornou-se uma boa alternativa para pequenos produtores que pretendem investir na produção artesanal de chocolate.
O projeto inicial surgiu em São José do Rio Preto (SP), com o objetivo de trazer cultivos integrados com a seringueira, que tem produção expressiva na região. Em meados de 2010, o setor de látex enfrentou uma forte crise devido às chuvas irregulares e ao calor. Diante disso, iniciaram-se as pesquisas experimentais sobre adaptabilidade do cacau em território paulista.
Em entrevista ao g1, Fioravante Stucchi Neto, engenheiro agrônomo da Cati, explica que tudo começou a partir de um produtor que decidiu investir na cultura por conta própria e foi pioneiro no noroeste de SP.
“Inicialmente, encontramos um produtor de cacau em Tabapuã (SP) que estava iniciando, por conta própria, um projeto para aliar cacau com seringueira. A partir desse local, surgiu uma grande base de dados para a gente modelar um programa de adaptabilidade da cultura. Entendemos algumas dificuldades que ele enfrentava e começamos a pensar em alternativas para solucionar o problema”, explica.
A partir de 2019, após entender que o cacau se adaptou rapidamente ao clima seco, profissionais da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em parceria com pequenos produtores, implantaram áreas experimentais. A partir desses estudos e após o interesse de alguns produtores, iniciaram-se os plantios comerciais (confira imagens acima).
Em 2022, surgiu o Programa Cacau São Paulo, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo junto à CATI e a outras frentes de trabalho.
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Plantação de cacau na região de São José do Rio Preto (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
A iniciativa tem como objetivo disseminar a produção da cultura em diferentes regiões do estado e aproveitar ao máximo todas as partes do fruto.
“A casca pode ser usada em compostagem. O cacau varia de 16 a 21% de potássio, é um resíduo muito rico em potássio, que é um produto muito caro, usado como fertilizante”, explica Fioravante.
Originário da região amazônica e da América Central, o cacau sempre teve cultivo estabelecido nas regiões Norte e Nordeste, especialmente nos estados da Bahia e Pará.
Todavia, com a queda na produção mundial, o país não é autossuficiente para atender o mercado interno, além de ser importador para outros países. Com isso, houve uma valorização do produto e áreas não tradicionais passaram a investir na comódite.
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Plantação de cacau na região de São José do Rio Preto (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
A ideia do programa é tornar pequenos produtores autossustentáveis, tendo em vista que a amêndoa tem alto valor produtivo e comercial. A previsão é de que a colheita seja iniciada no segundo semestre deste ano no noroeste de SP.
“Se você fizer um processo mais elaborado de refino, você pode ter uma farinha integral. Do próprio licor, a gente consegue extrair a manteiga de cacau, que é um produto extremamente caro, usado na indústria de cosméticos, além do chocolate artesanal”, explica Fioravante.
Produção de chocolate
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Produção de cacau ganha destaque na região noroeste de São José do Rio Preto (SP)
A produtora rural Monica Munhoz decidiu investir no cacau em suas duas áreas de plantio nas proximidades de Palmares Paulista (SP). Ela, que já trabalhava com seringueira e banana, decidiu investir na cultura em março de 2022, motivada pela possibilidade de diversificar a produção. Atualmente, Munhoz tem plantas com cerca de três anos de vida e outras recém-plantadas, totalizando 7 mil pés.
Todavia, antes mesmo de iniciar a colheita, ela decidiu investir na produção artesanal de chocolate. Em 2024, iniciou as operações na própria fábrica, que está situada em Limeira (SP), junto com a sobrinha, engenheira química. Elas compram as amêndoas de fazendas produtoras. Monica espera, em breve, poder colher e usar o próprio cacau para fazer os produtos em Palmares Paulista.
“A minha intenção realmente é ter, um dia, as amêndoas para que eu comercialize o nosso chocolate e poder assim ter um grupo grande e forte aqui na nossa região, o qual a gente possa levar essa cultura do cacau a outras pessoas. Podemos compartilhar e comercializar juntos os nossos produtos”, explica Monica.
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Monica Munhoz produtora de cacau em Palmares Paulista (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Atualmente, a empresa dela confecciona chocolates em barra, bombons e ovos de Páscoa nesta época do ano (assista acima). Recentemente, Mônica fez algumas adaptações em uma das propriedades de Palmares Paulista e pretende abrir o espaço para visitação, agregando o cacau ao turismo regional.
“A ideia é poder explorar ainda mais toda essa aventura cacauera. Nós estamos também abrindo uma parte para a visitação. Então, nós fizemos um café, um espaço onde a gente pode demonstrar para quem estiver visitando como é que se faz o chocolate a partir da amêndoa”, finaliza Munhoz.
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Monica Munhoz, de Palmares Paulista (SP), produz chocolate artesanal em Limeira (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
