Prefeitura de Araçatuba recorre de liminar que impede transferências ‘vaga zero’ para UTIs da Santa Casa.

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A Prefeitura de Araçatuba (SP) recorreu da liminar que proíbe as transferências de crianças em estado grave para as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátrica e neonatal da Santa Casa da cidade por meio da modalidade “vaga zero”. A medida, válida desde o fim de março, tem gerado impacto direto na rede pública de saúde, segundo autoridades municipais.

O recurso foi protocolado na última sexta-feira (18) pela Procuradoria Geral do Município no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). A ação contesta a decisão do juiz Danilo Brait, da Vara da Fazenda, que suspendeu os encaminhamentos com base na superlotação e no processo de recuperação judicial do hospital.

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Santa Casa de Araçatuba (SP) — Foto: TV TEM / Felipe Nunes

Santa Casa de Araçatuba (SP) — Foto: TV TEM / Felipe Nunes

“Diante das informações colhidas, ingressamos, dentro do prazo legal, com este instrumento adequado para discutir essa decisão”, afirma o secretário municipal de Assuntos Jurídicos, Arthur Bezerra de Souza Júnior. Ele destaca que há expectativa de uma decisão até a próxima sexta-feira (25), que pode reverter os efeitos da liminar.

Santa Casa de Araçatuba (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM

Santa Casa de Araçatuba (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM

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De acordo com o secretário, a suspensão das transferências agrava a situação dos atendimentos emergenciais.

Essa determinação judicial traz prejuízo enorme, porque você abre a Central de Regulação e acaba não achando vaga, mesmo com o apoio do DRS, e a criança permanece no pronto-socorro, aguardando, e com grande risco de morte por falta de estrutura adequada de atendimento”, alerta.

Segundo o Conselho Federal de Medicina, o encaminhamento de pacientes por “vaga zero” é prerrogativa dos médicos reguladores e deve ser garantido pelos hospitais para evitar omissão de socorro.

Situação nas unidades de saúde

Enquanto aguarda o julgamento do recurso, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que segue enfrentando dificuldades para transferir pacientes pediátricos em estado grave.

“Estamos lutando diariamente, com o apoio do Departamento Regional de Saúde, para garantir o atendimento das crianças em locais mais adequados. Não vamos deixar uma criança morrer no pronto-socorro, que não dispõe de estrutura adequada para oferecer atendimento a pacientes em estado grave”, afirma o secretário de Saúde, Daniel Martins Ferreira Júnior.

Desde a decisão judicial, em 31 de março, até 22 de abril, foram realizadas 135 transferências de crianças: 129 para a Santa Casa de Araçatuba, 11 delas necessitando de UTI, e seis para outras cidades, como Bauru (SP)São José do Rio Preto (SP)São Carlos (SP) e Catanduva (SP). Em um dos casos mais recentes, registrado na última segunda-feira (21), uma criança esperou mais de 24 horas por um leito de UTI na cidade.

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UTIs operando acima da capacidade

As UTIs pediátricas da Santa Casa de Araçatuba operavam com 60% acima da capacidade no fim de março. Com capacidade para dez pacientes, as unidades estavam com 16 internados. Situações de improviso foram registradas, como recém-nascidos sendo alocados em salas de armazenamento e crianças em isolamento dividindo espaços com outros pacientes.

Por isso, no dia 24 de março, o Ministério Público ingressou com uma Ação Civil Pública exigindo que a Santa Casa, o Governo do Estado e a Prefeitura de Araçatuba apresentem soluções para a superlotação e as longas filas para consultas e cirurgias.

A Justiça então decidiu, no dia 31 de março, suspender o envio de crianças para as UTIs da Santa Casa, enquanto durar a recuperação judicial do hospital. O descumprimento da medida por parte do Governo do Estado pode gerar multa de R$ 50 mil por paciente.

O superintendente da Santa Casa, Luiz Otávio Barbosa Vianna, afirmou que o hospital possui 20 leitos de UTI neonatal e pediátrica para uma população de 1 milhão de pessoas. A instituição informou que todos os órgãos de saúde foram notificados sobre a limitação da capacidade.

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