Em Palmeira D’Oeste, pode até parecer que a imprensa anda pegando no pé do prefeito. Mas, convenhamos, contra fatos não há argumentos — aliás, nem cafezinho para o funcionalismo público. A nova política de austeridade do município, ao que tudo indica, começa pela caneca vazia do servidor e vai até a extinção de bancos públicos para trabalhadores rurais.
Sim, você não leu errado. Aquela sombra amiga debaixo da árvore e o banquinho de alívio para o trabalhador da roça, especialmente os que saem da lida nas usinas de cana-de-açúcar, simplesmente sumiu. Evaporou como água em dia de sol quente.
A pergunta que ecoa nos becos, ruas e grupos de WhatsApp é:
“Cadê o banco que tava aqui?”
As más línguas dizem que foi levado para compor algum “ambiente temático” às margens do Rio Tietê — afinal, agora temos um filho ilustre de Palmeira como vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados. Um título pomposo que, aparentemente, não garante nem assento para o povo que sua a camisa.
Enquanto os trabalhadores rurais descansam em baldes, como mostra a cena flagrada na cidade, o prefeito Valdir Semensati posa para fotos no Instagram com chapéu branco e sorriso largo, celebrando sua nova missão em defesa das águas. Só faltou dizer que é pelo bem comum — desde que esse bem não envolva bancos de madeira ou garrafa térmica.
Afinal, entre cuidar da bacia hidrográfica e oferecer dignidade ao trabalhador que carrega o município nas costas, parece mais interessante posar para os rios do que olhar para as ruas.
A gestão atual vem mostrando que sabe muito bem como valorizar cargos de prestígio, mesmo que para isso precise ignorar o desconforto de quem pega no batente. E se alguém reclamar, já tem desculpa pronta: “Não é falta de banco, é estratégia de mobilidade urbana”.
No fim das contas, fica a lição: quem quer sombra e café que traga de casa — e, se possível, traga o banco também.
