MS tem média de 60 vítimas de violência doméstica por dia em 2025. (Ilustração: Giovana Gabrielle, Midiamax)
Com uma média de 60 casos por dia, a violência doméstica segue como uma das principais marcas da desigualdade de gênero em Mato Grosso do Sul. Até o início de maio de 2025, mais de 7 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de agressão dentro de casa, em um estado onde a residência — espaço que deveria trazer segurança — segue como o principal palco da violência.
Os dados do Painel de Monitoramento da Violência da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) revelam que, entre janeiro e o início de maio, 7.201 mulheres entraram para as estatísticas de violência de gênero no Estado. Além disso, oito mulheres morreram vítimas de feminicídio somente neste ano.
Campo Grande lidera o ranking com 2.260 ocorrências, cerca de 31% do total. Em seguida, aparecem os municípios de Dourados (606), Três Lagoas (332), Corumbá (309) e Ponta Porã. Neste ano, todos os 79 municípios sul-mato-grossenses registraram denúncias de violência doméstica no período. Figueirão aparece como a cidade com o menor número de casos, dois registros até 3 maio.
Perfil das vítimas
A maior parte das vítimas, 56,3%, tinha entre 30 e 59 anos, o que soma 4.056 registros. Mulheres entre 18 e 29 anos correspondem 2.310 vítimas (32%), seguidas por mulheres com 60 anos ou mais com 476 casos (6,6%). O painel também aponta 359 vítimas (5%) entre crianças e adolescentes. Desse total, 284 meninas tinham entre 12 a 17 anos e 75 entre 0 e 11 anos.
No recorte por raça, mulheres pardas representam a maioria dos registros: 57% do total, o equivalente a 4.147 vítimas. Na sequência, aparecem mulheres brancas com 2.028 casos (28%), pretas (394 – 5%), indígenas (198 – 2,7%) e, por fim, amarelas com 24 vítimas (0,3%). Em 410 casos, a informação sobre raça/cor não foi registrada.
Casa ainda é local mais inseguro para mulheres

Quanto ao local das agressões, a maioria dos casos, cerca de 74%, ocorreu dentro da residência das vítimas (5.333). No entanto, também houve registros de crimes em vias urbanas (1.012), propriedades rurais (330), estabelecimentos comerciais (199), na internet (179). Até mesmo unidades de saúde registraram ocorrências, 55 casos.
Outro dado relevante é a relação entre vítima e agressor. Em 16% das ocorrências, o autor do crime está identificado como cônjuge, o que totaliza 1.169 casos. Também houve registro de crimes praticados por ex-cônjuges (428), pais (235), filhos (174), irmãos (104), namorados (97), cunhados (26), avós (22) e genros ou noras (20). Em 290 ocorrências, a relação entre agressor e vítima não está especificada.
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.
Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
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☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.