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Denúncias de racismo de janeiro a abril de 2022 em SP superam casos registrados em todo o ano de 2021

Por Léo Arcoverde e Thaiza Pauluze, GloboNews — São Paulo

As denúncias de discriminação racial registradas pela Ouvidoria da Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania de São Paulo dispararam neste ano e, em quatro meses, já ultrapassaram o total contabilizado ao longo de de todo o ano passado. É o que aponta um levantamento feito pela GloboNews com base em dados da pasta responsável por apurar, no âmbito de processos administrativos, violações de direitos humanos no estado.

De acordo com a secretaria, entre janeiro e abril deste ano, 174 denúncias de racismo foram registradas. No mesmo período de 2021, foram 24 queixas e, entre janeiro e dezembro, 155 registros de discriminação racial.

O aumento significativo dos relatos, segundo a pasta, está relacionado principalmente à maior conscientização das pessoas de que o racismo é crime e também à divulgação mais ampla do canal de denúncias do órgão.

Denúncias de racismo

Período Quantidade
Jan a abr de 2020 12
Jan a abr de 2021 24
Jan a abr de 2022 174
   
2019 47
2020 49
2021 155

As queixas à Ouvidoria da Secretaria da Justiça podem ser feitas por telefone, por e-mail e também pelos perfis nas redes sociais da pasta. Ao receber o relato, a secretaria, em um primeiro momento, faz uma mediação entre as partes para que a situação possa ser resolvida sem a necessidade de um processo administrativo.

Multa de até R$ 95 mil

Se não houver acordo, é aberto um processo administrativo que pode resultar em uma série de punições, desde advertência até uma multa, que, nos casos de racismo, pode chegar a R$ 95 mil.

Tanto pessoas físicas quanto jurídicas podem ser alvo de processos administrativos instaurados pela secretaria.

“A fase de mediação é pedagógica. Não é simplesmente punir, dar uma multa, mas sensibilizar”, explica o secretário executivo da pasta, Luiz Orsatti Filho.

A secretaria registra quatro tipos de discriminação: racial, intolerância religiosa, orientação sexual e/ou identidade de gênero e HIV/Aids. Mais recentemente, passou a receber também denúncias de discriminação contra mulheres.

Casos de repercussão

Nas últimas semanas, a cidade de São Paulo foi palco de três casos de preconceito racial de grande repercussão.

O primeiro em um jogo no estádio do Corinthians, em 26 de abril, quando um torcedor do Boca Juniors foi flagrado imitando um macaco para provocar os torcedores brasileiros. Um deles fez a denúncia e entregou o vídeo aos policiais. O homem foi detido por injúria racial no intervalo da partida, mas a fiança foi paga, e ele voltou ao país vizinho.

No dia 2 de abril, uma mulher negra registrou boletim de ocorrência afirmando ter sofrido racismo no Metrô de São Paulo por uma húngara que trabalha no Consulado da Hungria. Ela teria dito que o cabelo crespo poderia lhe passar doenças.

O caso gerou revolta entre os passageiros que estavam no vagão, que reagiram com gritos de “racista”. A suposta agressora acabou escoltada pela polícia. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

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