Veja como o modernismo em alta na criação de Brasília, há mais de 60 anos, ainda soa atual na arquitetura
Carinne Souza – METRÓPOLESAtemporal, a arquitetura de Brasília é considerada uma das maiores criações da história do país. Construída na década de 1950 e inaugurada 10 anos depois, os cobogós, os azulejos ou a forte presença do concreto são uma marca da capital e das residências aqui construídas. Apesar de já terem passado 62 anos desde sua fundação, esses elementos têm se mostrado cada vez mais presentes em construções contemporâneas.A verdade é que o adjetivo moderno serve sob medida para Brasília. Na visão do arquiteto William Vera, fundador do escritório Mínimo Arquitetura, a arquitetura não pode ter suas tendências analisadas como acontece com a moda. “Não gosto de chamar de tendência o que, para mim, sempre foi moderno e esteve em alta”, avalia, em entrevista ao Metrópoles.A arquitetura de Brasília é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Admirada em todo o mundo devido à singularidade incorporada às obras da cidade, a capital do país tem, em seu âmago, criações assinadas por Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Athos Bulcão.
Modernismo
Arquivo PessoalDa esquerda para direita, JK, Israel Pinheiro, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer avaliando o projeto de Brasília
O famoso jargão de Juscelino Kubitschek, 50 anos em 5, guiou seu governo enquanto ele presidiu o Brasil de 1956 a 1961. À época, JK propagou um grande movimento de reformas nos centros urbanos, com o intuito de dar uma cara mais moderna ao país, e Brasília não fugiu disso. A capital se tornou uma referência no que diz respeito à arquitetura moderna.
O movimento moderno surgiu no início do século 20 e tinha como objetivo atualizar o tradicionalismo da época. O movimento artístico, cultural e arquitetônico experimentou novas técnicas e criações artísticas e se tornou um contraponto ao excesso de ornamentação e da arquitetura clássica, muito comum naquela época.
Concreto aparente
Não é difícil perceber como o concreto faz parte de Brasília. Os clássicos prédios da cidade como o Palácio do Planalto ou o Senado Federal não possuem texturas que escondem sua produção bruta, seja nas paredes ou a laje. William explica que essa é uma das características que deixam a obras modernistas sempre atuais.
“Em meus projetos, sempre tento levar isso para os clientes. Por exemplo, em vez de usar um material que esconda o outro, prefiro usar cru. Como o concreto aparente, mostrar a estrutura quando possível. Muitas vezes, em uma obra, tiramos o forro e mostramos a laje, as vigas e os pilares”, explica.